O cacaueiro foi introduzido na Bahia em 1746, no Munícipio de Canavieiras, e posteriormente novas introduções foram feitas por volta de 1890. Nestas introduções chegaram aqui os cultivares de cacau conhecidos como Cacau Comum (Comum, Pará, Parazinho, Maranhão, Catongo e outros). Cacau Comum é do tipo Amelonado e ficou conhecido como cacau da Bahia. Ele fez a Bahia ficar famosa como produtor de cacau no mundo, devido as suas boas qualidades organolépticas. Cacau Comum também foi levado daqui para a África e ajudou a compor os plantios por lá. Atualmente, nas fazendas ainda são encontrados plantios com esse tipo de cacau. A partir de 1960, a CEPLAC passou a distribuir cultivares híbridos na Bahia, na forma de mistura de sementes híbridas. Deste modo, os plantios velhos de cacau da Bahia são formados por cultivares do tipo Comum e Híbridos. As lavouras formadas por estes cultivares envelheceram, encontram-se muito atacadas por doenças e pragas, sendo, por isso, de baixa produtividade, necessitando de renovação com novas cultivares e tecnologias. Claro que há espaço para o Cacau Comum, voltado para produto de qualidade, mas os plantios velhos deste cacau necessitam de renovação com uso de novas tecnologias. Com o surgimento, a partir de 2007, dos cultivares clonais autocompatíveis agronomicamente superiores aos cacaueiros híbridos e comuns em alguns quesitos, os cacauicultores começaram a substituir os cultivares seminais antigos por cultivares clonais autocompatíveis, produtivos e resistentes. Contudo, ninguém sabia no início do processo qual era o melhor método de renovação das lavouras. Também, ninguém sabia quais eram os custos da renovação e quais eram as melhores práticas agrícolas para alcançar produtividades elevadas. Objetivando responder a estas perguntas foi iniciado em 2014 o projeto Renova Cacau com a implantação de 32 áreas experimentais em fazendas de produtores. Por meio delas estão sendo testados três métodos de renovação: Renovação por Enxertia em Broto Basal; Renovação por Baixo e; Renovação Total. Em cada método são testados cinco cultivares clonais: FA13, CCN51, SJ02, PS1319 e CP49. Além disso, são avaliados os custos da renovação de cada método. Estudantes de pós-graduação estão aproveitando os experimentos para ajudar a estudar os fatores de produção, tais como radiação solar, características físicas e químicas do solo, declividade e outros para verificar os mais importantes para otimizar a produção de cacau. Após cinco anos de avaliação em campo e com excelentes resultados, o Projeto Renova Cacau, além de continuar com as pesquisas, passou a disponibilizar os resultados para os produtores na forma de dias de campo, palestras, seminários, treinamentos e informações disponibilizadas neste site.

POR QUE RENOVAR?

O Brasil possui muitas lavouras velhas de cacau. Estima-se que 70% dos plantios de cacau da Bahia são formados por lavouras velhas e decadentes, levando o produtor a ter baixa produtividade, inviabilizando economicamente as lavouras. A grande maioria dos agricultores que tem plantios velhos não têm lucro com o sistema tradicional de cultivo. O que fazer? Felizmente surgiu a cacauicultura moderna neste início do século XXI, com novas tecnologias que estão à disposição dos produtores e que podem fazer o agricultor voltar a ter elevadas produtividades e lucro com o cultivo de cacau. A questão é a adoção deste novo sistema de cultivo pela maioria dos produtores, pois requer elevados investimentos em renovação das lavouras e aprendizado de novos conceitos e técnicas. Isso faz com que muitos produtores questionem se vale a pena investir na renovação de suas lavouras! Mas, aos poucos o sistema está sendo adotado por grandes, médios e pequenos produtores. Nós do Projeto Renova Cacau, desejamos e trabalharemos para que essas novas técnicas e conhecimentos modernos, gerados pelo Projeto, possam chegar ao maior número possível de produtores para que renovem suas lavouras. Estaremos, dentro do possível, levando os resultados e técnicas do Projeto para a comunidade e colocando-os a disposição do produtor, por meio de palestras, dias de campo, treinamentos etc. Enfim, incentivando e nos esforçando para que os agricultores posam renovar suas lavouras e fazer a Bahia produzir cacau com rentabilidade para o produtor e para os municípios, objetivando dar continuidade ao grande legado deixado pela cacuaicultura, com uma belíssima história, cultura e exemplo de conservação da biodiversidade.

MÉTODOS DE RENOVAÇÃO

O Projeto Renova Cacau inclui três métodos de renovação de lavouras cacaueiras velhas e decadentes: Renovação Total, Renovação por Baixo e Renovação por Enxertia em Brotos Basais. A escolha de cada método envolve o perfil da lavoura antiga, as características de solo, relevo e a capacidade de investimento do produtor. Veja a seguir a descrição de cada método de renovação.

RENOVAÇÃO TOTAL

Consiste na renovação da lavoura pelo corte das plantas velhas, plantio de bananeiras para formação de sombra provisória e plantio de mudas de cacau enxertadas ou a enxertar em campo com hastes de cultivares clonais altamente produtivas e resistentes a doenças para formação de uma lavoura nova e produtiva.

O método de Renovação Total garante a substituição total da lavoura antiga de cacau por plantas/clones altamente produtivos, que com o espaçamento triangular de 3 x 3 m por planta permite obter densidade de 1.282 plantas por hectare, garantindo elevada produção por área de plantio.

RENOVAÇÃO POR BAIXO

Consiste na renovação da lavoura plantando mudas enxertadas ou a enxertar no campo por baixa das plantas velhas, com hastes de cultivares clonais altamente produtivas e resistentes a doenças, e posterior corte das plantas velhas para formação de uma lavoura nova e produtiva.

No primeiro e segundo ano de implementação do método de Renovação por Baixo há uma lavoura mista, com cacaueiros velhos e novos. Contudo, no final do segundo ano após o manejo e poda contínua dos cacaueiros velhos, esses são totalmente eliminados, renovando a lavoura por completo. Assim como o método de Renovação Total, a Renovação Por Baixo permite obter densidade de 1.282 plantas por hectare.

RENOVAÇÃO POR ENXERTIA EM BROTOS BASAIS DAS PLANTAS VELHAS

Consiste na renovação da lavoura por enxertia nos brotos basais das plantas velhas, com hastes de cultivares clonais altamente produtivas e resistentes a doenças, e posterior corte das plantas velhas para formação de uma lavora nova e produtiva.

No método de Renovação por Enxertia em Broto Basal tanto a qualidade quanto a distribuição dos porta enxertos não podem ser definidos, pois refletem os aspectos agronômicos das plantas existentes na lavoura antiga. Desta forma, diferente dos outros dois métodos de renovação, a densidade de planta por hectare varia em função da lavoura antiga e da possível adição de mudas enxertadas nas falhas da lavoura velhas.

ÁREAS RENOVADAS

Nos últimos dois anos o Projeto Renova Cacau vem apresentando excelentes rendimentos na maioria das áreas experimentais. Algumas já alcançaram produtividades acima de 3000 kg/ha para alguns clones no ano de 2020. Muitos agricultores já estão copiando os métodos adotados no experimento para renovar suas lavouras. A seguir pode-se observar dois exemplos de sucesso de Renovação Total em estágios avançados de implementação.

ÁREA DE ATUAÇÃO

O Projeto Renova Cacau instalou na Bahia 32 áreas experimentais em lavouras com cacaueiros velhos e decadentes para demostrar que é possível renovar lavouras e torná-las produtivas e economicamente rentáveis.